Eu desconhecia aquele sujeito, nunca o havia visto na vida e tampouco sabia porque começara a falar tudo aquilo comigo. Seus olhos eram tristes e apertava de vez em quando o olho esquerdo, como se sentisse dor de cabeça ou algo parecido. Cheirava a bebida e acendia um cigarro atrás do outro, sua mão tremia.
Quis perguntar a ele o que o havia deixado naquele estado, mas fiquei em silêncio. Embora ele me parecesse confuso e perturbado, senti que suas palavras eram verdadeiras e decididas. De repente ele puxa um caderninho do bolso do paletó e começa a escrever alguma coisa. Depois pára e fica com uma expressão vazia no rosto, parecendo ter esquecido do que ia escrever ou perdido o ímpeto, e muda para uma cara de dor. Eu não poderia ajudá-lo, e temia que ninguém pudesse fazê-lo.
Então avistei meu ônibus, despedi-me dele e subi no veículo. Lá dentro, através da janela, vi-o ainda sentado, olhando para o nada.
Talvez seu ônibus nunca viesse.
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